Como funciona o Direito Imobiliário em condomínios? Entenda seus principais aspectos

O Direito Imobiliário aplicado a condomínios tem como função principal regulamentar as relações jurídicas dentro de propriedades coletivas, promovendo a convivência harmônica entre os condôminos, prevenindo conflitos e garantindo a manutenção do bem-estar comum.

Ele se baseia, principalmente, em dois pilares: a organização interna das normas condominiais e a proteção dos direitos e deveres de cada condômino

Para isso, é fundamental a existência de documentos como a Convenção Condominial e o Regimento Interno, que estabelecem as regras de convivência, uso das áreas comuns, divisão de despesas e sanções aplicáveis em caso de descumprimento.

Durante situações excepcionais, como ocorreu na pandemia de Covid-19, essas normas podem ser adaptadas para atender às necessidades do momento. 

Como funciona o Direito Imobiliário em condomínios? Entenda seus principais aspectos

Um exemplo prático foi a definição de horários escalonados para o uso das áreas comuns, a fim de evitar aglomerações e preservar a saúde de todos.

Essas regulamentações trazem benefícios diretos para os proprietários, que passam a contar com uma estrutura organizada, segurança reforçada (como portarias 24h e controle de entrada de visitantes) e direitos protegidos por normas oficiais, reforçando o valor do imóvel e a tranquilidade no uso do espaço.

Quais leis regem o Direito Imobiliário em condomínios?

A atuação do Direito Imobiliário nos condomínios está amparada por diversas legislações importantes, como:

  • Lei nº 4.591/64: considerada o marco regulatório dos condomínios no Brasil;

  • Código Civil (Lei nº 10.406/02): especialmente nos artigos 1.331 a 1.358, trata de temas como direitos e deveres dos condôminos, uso das áreas comuns, eleições para síndico e assembleias;

  • Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/15): aborda aspectos judiciais, incluindo ações de cobrança por inadimplência, possibilidade de negativação e penhora do imóvel.

Direito real de habitação em condomínio: o que é?

O direito real de habitação está previsto no artigo 1.414 do Código Civil e garante ao cônjuge ou companheiro sobrevivente o direito de continuar residindo no imóvel utilizado como residência familiar, mesmo após o falecimento do proprietário, sem que os herdeiros possam exigir qualquer valor em contrapartida.

Em termos práticos, imagine um casal em união estável ou casamento. Se um dos dois vier a falecer, o outro poderá permanecer no imóvel sem que os demais herdeiros possam cobrar aluguel ou forçar a venda do bem. 

Como funciona o Direito Imobiliário em condomínios? Entenda seus principais aspectos

Esse direito prevalece enquanto o sobrevivente estiver vivo e não constituir nova união estável ou casamento.

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Direito de preferência entre condôminos

Outro ponto importante previsto no Código Civil, no artigo 504, é o chamado direito de preferência

Ele assegura que, ao decidir vender sua fração ideal no condomínio, o proprietário deve oferecer o imóvel primeiro aos demais condôminos, nas mesmas condições propostas a terceiros.

Ou seja, caso um condômino deseje vender sua unidade, ele é legalmente obrigado a comunicar os demais, permitindo que tenham prioridade na compra. Isso é especialmente comum em negociações que envolvem locatários interessados em adquirir a unidade onde residem.

Direitos dos condôminos

Os direitos dos condôminos são garantidos principalmente pelo artigo 1.335 do Código Civil. Entre eles, destacam-se:

  • Direito de uso exclusivo da sua unidade: o proprietário pode usar e desfrutar do seu imóvel de forma livre, respeitando os limites legais e os direitos dos demais moradores. Isso inclui o direito de morar, alugar ou deixar o imóvel desocupado.

  • Uso das áreas comuns: todos têm o direito de usufruir das áreas coletivas como piscinas, academias, salões de festas e churrasqueiras. O uso, no entanto, deve respeitar as regras da convenção, como horários, agendamentos e cuidados com a higiene.

Como funciona o Direito Imobiliário em condomínios? Entenda seus principais aspectos

  • Locação da vaga de garagem: muitos regimentos autorizam a locação da vaga, desde que seja para outros condôminos. Alugar para terceiros pode ser proibido em alguns casos.

  • Direito de alugar o imóvel: o condômino pode alugar seu imóvel, desde que respeite a Lei do Inquilinato e comunique ao síndico, quando exigido.

  • Participação nas assembleias: o condômino tem o direito de participar e votar nas decisões do condomínio, além de poder se candidatar ao cargo de síndico ou membro do conselho fiscal.

  • Realizar reparos urgentes: em caso de urgência (como vazamentos, infiltrações ou riscos estruturais), o morador pode executar reparos mesmo sem autorização prévia. Desde que comprove a urgência, ele poderá solicitar o reembolso ao condomínio.

Deveres dos condôminos

Junto aos direitos, os condôminos também possuem deveres que garantem o bom funcionamento do ambiente coletivo. Entre os principais, estão:

  • Pagamento das taxas condominiais em dia, incluindo juros e multas em caso de atraso;

  • Contribuição proporcional nas despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio;

  • Respeito às regras da convenção e regimento interno, incluindo horários de silêncio, regras para uso de áreas comuns, entre outros;

  • Não alterar a fachada do prédio, nem comprometer a estrutura com obras não autorizadas;

  • Realizar reformas com responsabilidade técnica, apresentando laudos de engenheiro ou arquiteto em caso de modificações estruturais internas.

Importante lembrar que, em muitos casos, as paredes de apartamentos são estruturais. Por isso, recomenda-se buscar alternativas estéticas como decoração e mobiliário planejado para personalizar o ambiente, evitando riscos à segurança do edifício.

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A importância de um advogado especializado em Direito Imobiliário para condomínios

A gestão de um condomínio vai muito além da administração financeira e da manutenção das áreas comuns. Ela envolve também uma série de responsabilidades legais que exigem conhecimento técnico específico. 

É nesse contexto que o trabalho de um advogado especializado em Direito Imobiliário se torna essencial para síndicos, conselhos e condôminos.

Esse profissional atua de forma preventiva e consultiva, orientando síndicos, conselhos de administração e fiscais em decisões cotidianas e estratégicas. 

Ele auxilia desde a elaboração e revisão de contratos com fornecedores, até a análise da convenção condominial e do regulamento interno, garantindo que todas as normas estejam em conformidade com a legislação vigente.

Como funciona o Direito Imobiliário em condomínios? Entenda seus principais aspectos

Além disso, o advogado é peça-chave na mediação de conflitos entre condôminos, síndicos e funcionários, ajudando a preservar a harmonia e evitando que desentendimentos evoluam para disputas judiciais. 

Quando necessário, atua diretamente na elaboração de notificações, aplicação de multas, defesa em ações judiciais e ajuizamento de demandas em nome do condomínio.

Outro papel estratégico é o suporte nas assembleias gerais ordinárias e extraordinárias, oferecendo assessoria jurídica durante as reuniões e garantindo que as decisões estejam amparadas legalmente.

No âmbito financeiro, esse profissional contribui significativamente na redução da inadimplência, por meio da estruturação de cobranças extrajudiciais e ações judiciais bem fundamentadas, além de atuar em questões como despejo por falta de pagamento, ações revisionais, renovatórias e consignações de pagamento.

Contar com um advogado especializado em Direito Imobiliário é, portanto, uma forma de proteger o condomínio juridicamente, evitar prejuízos financeiros e promover uma gestão mais segura, eficiente e alinhada com a legislação.

Conclusão

O Direito Imobiliário em condomínios é essencial para garantir a ordem, segurança e bem-estar entre os moradores. 

Ele assegura direitos, impõe deveres e oferece mecanismos legais para resolver conflitos, proteger o patrimônio dos condôminos e assegurar a boa convivência em um espaço coletivo. 

Conhecer essas normas é o primeiro passo para viver com tranquilidade e exercer plenamente a sua cidadania condominial.

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